Palco de grandes projetos e da maior festa popular do país, você certamente já ouviu falar no Sambódromo. Inaugurada em 1984, com o nome oficial de "Avenida dos Desfiles", marcou o início do sistema de desfiles das escolas de samba em duas noites, ao invés de em apenas uma noite, como era costume até então. Posteriormente, seu nome oficial mudou para "Passarela do Samba" e, finalmente, a partir de 18 de fevereiro de 1987, seu nome oficial passou a ser "Passarela Professor Darcy Ribeiro", numa homenagem ao principal mentor da obra, o antropólogo Darcy Ribeiro.
E para se apresentar neste palco as escolas de samba precisam se preparar e muito para entregar seus projetos dentro do prazo todos os anos. Como qualquer outro projeto, o desfile de escolas de samba também possuem restrições que devem ser seguidas para não haver penalidades durante as apresentações.
Duração da apresentação: 65 - 82 minutos
Penalidade: 0,1 ponto para cada minuto excedente
Comissão Julgadora: 5 para cada um dos requisitos (bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, conjunto, enredo, alegorias e adereços, fantasias, comissão de frente e mestre-sala e porta-bandeira. Apenas a menor nota de cada quesito é descartada)
Casal de mestre-sala e porta-bandeira possuem especificações rígidas, por exemplo, O mestre-sala não deve ficar de costas para sua companheira, mas sim cortejá-la, rodopiando ao seu redor, como se estivesse a protegendo. Ela não pode, em hipótese alguma, deixar que a bandeira se enrole. A apresentação dura, em média, dois minutos e meio.
Perceba a importância deste projeto para as escolas de samba e tamanha relação que tem com as práticas de gerenciamento de projetos. As escolas se preparam o ano todo, sem direito a atrasos, sem direito a desculpas, e em boa parte delas sem direito a estouro de orçamentos, tudo isso para se apresentar em apenas 65 minutos onde qualquer erro irá pesar na avaliação da comissão julgadora.
Agora com tantos riscos para serem gerenciados e tantas regras para serem seguidas, será que em algum momento esquecemos dos riscos mais básicas? Será que não só identificamos, como sabemos que iremos fazer caso eles ocorram?
Para refletir um pouco sobre o tema, abaixo reuno alguns dos acidentes com carros alegóricos das escolas de samba desde a década de 90 que até hoje presenciamos, como o que aconteceu com a Unidos da Tijuca.
Unidos do Viradouro (1992) - Cenas de verdadeiro pânico marcaram a parte final do desfile da viradouro, que levou para a Avenida o enredo "E a magia da sorte chegou", um dos desfiles mais elogiados do dia. O fogo começou quando o carro alegórico "Ciganos da Rússia", com 22 destaques, cruzava a área de disperção. A atriz Leila Amorim, se jogou do carro mas foi amparada pelos componente da escola.
Beija-Flor de Nilópolis (1994) - No Carnaval de 1994 a Beija-Flor de Nilópolis apresentou o enredo "Margareth Mee, a dama das bromélias". Sua última alegoria pegou fogo e entrou na Sapucaí com bombeiros apagando as chamas e desfilando juntamente aos destaques e composições, que se mantiveram na alegoria.A agremiação terminou a apuração na 5ª Colocação.
Unidos da Tijuca (2007) - O carro abre-alas da Unidos da Tijuca pega fogo durante o desfile das campeãs Grupo Especial do Carnaval Carioca, no sábado dia 24 de fevereiro de 2007.
Mangueira (2014) - Mecanismo que controlava a cabeça do pagé emperrou causando a quebra do carro alegórico no meio da apresentação.
Unidos da Tijuca (2017) - O acidente ocorreu quando a parte superior do carro alegórico ruiu. O carro número dois era "Nova Orleans - Cidade do Jazz" e estava a poucos metros da área da Marquês de Sapucaí onde o desfile efetivamente começa.
Como esses existem muitos outros acidentes que acontecem todos os anos. Que ações o gerente de projetos deveria fazer para mapear os riscos?
Apresento a você 5 dicas que considero importantes para um bom gerenciamento de riscos em seus projetos:
1) Pense no gerenciamento de riscos como uma maneira de obter o que você precisa, quando você precisar dele
O gerenciamento de riscos é como se fosse um seguro, você faz o dever de casa torcendo para que o risco não aconteça, mas caso ocorra você deve estar preparado para mitigar, contornar ou até mesmo eliminar.
2) Não se esqueça: as pessoas podem ser riscos também
O carnaval é feito de pessoas e não podem esquecer que elas também fazem parte do gerenciamento de riscos, não importa se engenheiros assinam o projeto, se os equipamentos foram testados pelos funcionários. No final haverão pessoas dançando e saltitando em cima das alegorias.
3) Utilize a regra de ouro 30/20/10
Esta é uma abordagem muito simples, identifique os riscos no início do projeto que, se realizados, afetariam 30% da programação, do orçamento ou dos resultados. No meio do projeto, o objetivo é reduzir o impacto potencial dos riscos para 20% do cronograma, orçamento ou resultados. Até o final do projeto, o projeto deve conter riscos com um impacto não superior a 10%.
4) Cuidado com o "Eu sempre fiz assim"
Ah! Certamente você já ouviu essa frase e me dá calafrios quando alguém me fala isso. Quando você ouvir esse tipo de afirmação é melhor se aprofundar na questão, pois certamente sairá poeira debaixo deste tapete.
5) Aprenda com os riscos que não puderam ser mapeados
Não se desanime com os riscos que não trabalharam em seu favor. Um dos piores erros que uma pessoa pode fazer após o fracasso não é usá-lo em sua vantagem. Analise o que deu errado, como você poderia fazer melhor na próxima vez, e crescer a partir da experiência.
Você tem outras dicas para gerenciar riscos? Não deixe de comentar.