Os 3 furos invisíveis que secam o seu lucro (e como estancar em 7 dias)
- Esdras Eliwan
- há 4 dias
- 5 min de leitura
Se você já faturou R$25 mil, R$50 mil ou até R$100 mil em um mês e terminou com R$320 na conta, sabe como é jogar água num balde furado: entra bastante, mas nunca enche.
Isso acontece com muito mais gente do que você imagina — e talvez esteja acontecendo com você sem perceber.
A boa notícia?
Você não precisa vender mais agora. Primeiro, precisa fechar os furos que drenam o seu caixa.
Resumo rápido: os 3 “furos” invisíveis
Mistura de contas: a empresa banca a vida pessoal — e o lucro “evapora”.
Decisão pelo saldo (sem fluxo de caixa por categorias): você acha que “tem dinheiro”, mas é só ilusão de extrato.
Precificação pelo concorrente: você baixa preço sem saber se cobre custos e margem — e paga para trabalhar.
Esses três fatores aparecem repetidamente como causas raiz de crise e mortalidade em PMEs: mistura de finanças, falta de controle do fluxo de caixa e precificação inadequada . Separar contas, implementar controle robusto de caixa e revisar a precificação são passos prioritários para saúde e crescimento sustentável.
Furo 01: Mistura de contas (pessoal x empresa)
Quando iFood, mercado e Netflix entram no mesmo cartão da empresa, você perde a referência do que é custo do negócio e do que é da sua vida pessoal.
Resultado: você “acha” que sobrou, mas consumiu o lucro sem ver.
Por que isso é grave?
Misturar as finanças compromete o capital de giro e turva a visão sobre a lucratividade.
62% dos empreendedores admitem misturar contas pessoais e empresariais, o que trava decisões e planejamento financeiro de qualidade.
O quadro fica mais arriscado porque 52% das PMEs operam sem reserva financeira para lidar com imprevistos; no setor de serviços, isso chega a 59%.
A recomendação estruturante
Mantenha contas e registros separados. Nada de exceções. É uma prática essencial para proteger o caixa e melhorar a visão do negócio .
Como corrigir agora (checklist enxuto):
Abra uma conta exclusiva da empresa (PJ) e nunca use cartão PJ para gasto pessoal.
Defina pró-labore fixo e transfira sempre no mesmo dia da semana ou do mês.
Se surgir um gasto pessoal no PJ, registre e reembolse na mesma semana.
Crie duas carteiras no app bancário: “Empresa” e “Pessoal” para classificar tudo sem ruído.
Furo 02: Decidir pelo saldo (sem fluxo de caixa por categorias)
“Saldo em conta” não é lucro.
Sem um controle de fluxo de caixa atualizado e categorizado, você dirige no nevoeiro: só olha o retrovisor e a gasolina está acabando.
A maioria das PMEs não monitora continuamente entradas e saídas, tomando decisões sem base em dados; 75% admitem dificuldade com o fluxo de caixa, e muitos sequer têm orçamento estruturado.
Por isso, implementar controle de caixa diário é passo essencial.
Como corrigir hoje (modelo de 6 categorias): Crie (num app, planilha simples ou no Kit de Resgate do Programacelera) as categorias:
Receitas
Custos variáveis (insumos, comissões, taxas)
Despesas fixas (aluguel, salários, internet)
Impostos
Pró-labore
Reserva/colchão
Regras simples:
Registre diariamente o que entrou/saiu.
Planeje a semana com base no caixa projetado (não no saldo de hoje).
Reserve um percentual das entradas para impostos e reserva (o setor de serviços é o mais vulnerável, com quase 59% sem reserva — construir esse colchão é vantagem competitiva no Brasil).
Furo 03: Precificar copiando o concorrente
“Ele cobra 100, vou cobrar 95 para fechar mais fácil.”
Problema: você não sabe se ele lucra. Muitas vezes, nem ele sabe.
Como precificar sem achar
Mapeie custos do seu produto ou serviço: o que varia com a venda e o que é fixo.
Margem de contribuição
Fórmula simples:
MC = Preço − Custos Variáveis − Despesas Variáveis.
Se a MC é baixa, cada venda pouco ajuda a pagar os fixos.
Markup consciente
Use o markup para embutir fixos e lucro.
Tributos no preço
Simples Nacional, ISS, ICMS ou o que for do seu enquadramento entram no cálculo.
Exemplo rápido
Custos variáveis por unidade: R$ 30
Despesas variáveis: R$ 5
Despesas fixas do mês: R$ 20.000
Meta de lucro: R$ 10.000
Volume esperado: 1.000 unidades
Quer preço por unidade?
Primeiro, quanto cada unidade precisa contribuir para fixos e lucro:
R$ 20.000 + R$ 10.000 = R$ 30.000
R$ 30.000 ÷ 1.000 = R$ 30 por unidade.
Agora some os variáveis:
R$ 30 + R$ 5 = R$ 35.
Preço mínimo para bater a meta: R$ 35 + R$ 30 = R$ 65.
Se vender a R$ 60, você trabalha, entrega e paga para operar abaixo da meta.
A matemática não fecha.
Política de descontos
Só conceda desconto se a margem de contribuição continuar positiva.
Caso contrário, cada venda com desconto empurra o negócio para baixo.
Plano de Ação “Anti-Balde Furado” (7 dias)
Plano de ação em 7 dias para parar de perder dinheiro e respirar no fim do mês, usando o que funciona de verdade: separar, controlar e precificar.
Quando vender mais piora o problema
Se o balde está furado, jogar mais água só aumenta o desperdício.
Os dados mostram um cenário de fragilidade sistêmica nas PMEs e reforçam que a prioridade imediata é sobrevivência e disciplina de caixa — não crescimento a qualquer custo.
Sem controle de caixa, contas separadas e preço correto, vender mais acelera a quebra, não o lucro .
Perguntas rápidas para sua revisão mensal
1) Algum gasto pessoal entrou no cartão da empresa?
Se sim: reembolse para a conta PJ ainda nesta semana, registre a correção e ajuste o pró-labore para evitar novos “resgates”. Ative alerta no app do banco para restaurantes, mercados e entretenimento.
Se não: ótimo. Mantenha pró-labore fixo e concilie extratos toda semana para garantir que nada escapou.
2) O fluxo de caixa está atualizado e projetado para os próximos 30 dias?
Se sim: compare o projetado com o realizado da última semana e ajuste premissas. Verifique se Impostos e Reserva estão recebendo percentuais automáticos na entrada.
Se não: comece hoje com 6 categorias (Receitas, Custos variáveis, Despesas fixas, Impostos, Pró-labore, Reserva). Registre o dia, faça uma projeção simples de 4 semanas e defina percentuais automáticos para Impostos e Reserva.
3) Seus 3 serviços/produtos mais vendidos têm margem de contribuição positiva?
Se sim: anote a margem por item e crie uma meta de ganho incremental, por exemplo +2 a +5 pontos percentuais em 60 dias via reajuste de preço, redução de taxa de maquininha ou pacote mínimo.
Se não: recalcule preço com base em custos variáveis, tributos e contribuição necessária para os fixos. Opções de ajuste: subir preço, reduzir custo variável, empacotar serviços, eliminar descontos que viram prejuízo.
4) Você alimentou a reserva da empresa este mês?
Se sim: qual percentual entrou? Mantenha transferência automática e defina um alvo de reserva em meses de despesas fixas.
Se não: defina um percentual inicial de 3% a 5% das entradas para uma conta separada da empresa. Trate como compromisso, não como “se sobrar”.
5) Quais 2 custos invisíveis você cortou este mês?
Se já cortou: registre o valor economizado e replique a regra para outros centros de custo.
Se ainda não cortou: faça uma varredura rápida: assinaturas sem uso, taxas bancárias e de maquininha, fretes de última hora, desperdício de insumo, retrabalho, softwares duplicados. Cancele, renegocie ou consolide.
Conclusão
Você não precisa “trabalhar dobrado” para sair do sufoco.
Precisa enxergar o dinheiro. Quando você separa contas, controla o caixa por categorias e precifica pelo método (não pelo boato), o lucro reaparece mesmo sem vender mais.
Reforçando: esta é a ideia central deste conteúdo, e a ponte para a próxima ação é clara — aplicar o método com ajuda guiada.
Pergunta final: qual desses furos você vai fechar hoje?
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